O vento forte soprava em nossos rostos com um perfume no ar. A temperatura marcava 23 graus e no céu o sol nos agraciava com um brilho intenso. Era uma manhã de Domingo, anunciando a chegada da estação mais bonita do ano, a primavera.
O café, que acabara de ser passado, estava posto na mesa, nos convidando para aquele dedo de prosa.
Tudo perfeito para começar a conversa com algumas das pérolas que temos na Asbemge.
Tive a oportunidade de entrevistar estas mulheres incríveis há algumas semanas. Uma conversa MUITO agradável, divertida… emocionante. E para nós barbados, inclusive educativa.
São quatro mulheres fortes que temos por aqui no clube. E não digo fortes no sentido figurado.
Elas são fortes é no braço mesmo.
Conversamos sobre infância, esportes, amores, carreira e especialmente dos desafios que mesmo mulheres empoderadas e independentes enfrentam todos os dias.
Hoje, dia 22 de setembro de 2021, dia da chegada da primavera, te damos as boas vindas à segunda matéria da coluna Família Asbemge: “As mulheres e as flores”.
Conheça as protagonistas:
Cathya Ramos
Natural de Belo Horizonte, 60 anos, 10 de Asbemge, filha do Walter e da Ruth. Mãe da Bruna e avó do Zyon de 4 patas.
Jogadora assídua do vôlei, atual integrante do time feminino master, foi analista de sistemas por 30 anos.
Aposentou só porque chegou o prazo, pois não para quieta. Atualmente trabalha na ABRAFE – Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas, onde é administradora. Apaixonada por esportes, trabalho, movimento e, sobretudo, por uma boa roda de bate papo com amizades genuínas.
Danúbia Aparecida
Também natural de BH, filha de jogador de futebol, 36 anos, 9 de Asbemge.
Respira que a lista é grande: joga futebol, peteca, vôlei, futevôlei, vôlei de praia e agora até sinuca. Dá couro na turma, incluindo em nós, homens.
Atualmente trabalha com o vereador Juninho Los Hermanos e conduz a Das Núbias Serviços Gráficos, sua própria empresa.
Exala bom humor e uma força de vontade de dar inveja, que vemos diariamente no clube, especialmente dentro das quadras.
Isabella Braga
36 anos de vida e de Asbemge, natural de BH, filha de pais que sabem criar filhos como ninguém!
Está a frente da diretoria do vôlei, que só não está praticando nesse instante pra cuidar bem da Alice, que carrega na barriga.
Muito técnica em tudo que faz, além de diretora da Asbemge, é advogada daquelas arretadas que ganha as causas com voz serena e argumentação afiada. E ainda por cima tem uma doceria!
Helena Faria (Lena)
Natural de Inhapim, cidade próxima de Caratinga, norte de Minas.
Coordenadora dos funcionários da Asbemge, 54 anos, 18 de Asbemge, filha da terra, criada na roça.
Todo mundo diz pra ela não pegar mais no pesado, pois é coordenadora, mas ela não escuta muito não. Trabalha com uma alegria que contagia todos nós. Com seu olhar exigente, é uma das grandes responsáveis pelo clube impecavelmente limpo e organizado que temos à disposição.
Confira a entrevista na íntegra:
Me falem dos seus pais, da infância e adolescência… dos estudos. Como foi a vida até se verem na fase adulta?
Cathya: “Somos 5 irmãos, escadinha um atrás do outro. Tive uma infância sadia. Meu pai, que faleceu em 2018, era fiscal da receita federal e no início mudávamos muito de cidade. Já morei em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro… Até que meu pai conseguiu uma posição fixa e criamos raízes em BH, onde passei toda minha juventude. Nasci no meio de dois homens e ao invés do meu pai me deixar no balé, eu ficava no Judô com meus irmãos (risos).”
Danúbia: “Sou filha de pais separados, mas meu pai, Márcio Francisco Leite, jogador de futebol de várzea de corpo sarado e cabelão, foi muito presente em minha vida desde o início. Ele é um dos 13 irmãos de sua grande família, com apenas duas mulheres. Cresci no meio de um monte de homem. No truco, que minha família domina, no futebol de campo e na bicicleta de joelho ralado. Aos 7… 8 anos já dava volta de bicicleta na lagoa com ele, ia para o campo. Somos duas filhas e eu sempre fui a mais levada (mais risos).”
Isabella: “Sempre falo que tenho muita sorte com minha família, meus pais são super presentes, casal super companheiro, grudadíssimos um no outro até hoje. Se já brigaram alguma vez, fizeram longe de mim, pois não vi. Tive uma infância muito feliz, meus pais me apoiaram a vida inteira. Priorizaram meus estudos e me deram tudo que podiam, sobretudo independência. Tanta independência que acabei sendo decidida desde cedo. Outro dia olhando meus ombros largos questionei para minha mãe por que ela não me pôs no balé. Ela então respondeu: “E eu lá conseguia mandar em você, garota?! Eu queria te colocar no balé, mas você queria natação, fazer o quê…”. Frequento a Asbemge desde que nasci. Meu pai era funcionário do Bemge e também já foi diretor do clube.”
Lena: “Minha história é de muita luta. Sou a primogênita de uma família de 6 homens e 3 mulheres. Fui criada bem na roça mesmo, naquela época com muita dificuldade. Já panhei café, levei comida para os companheiros no campo. Meu pai era daqueles que pegava roça para tocar, arava, plantava, passava o dia trabalhando pesado. Quando completei 12 anos meu pai conseguiu serviço na prefeitura de Inhapim e a partir daí a dificuldade foi diminuindo aos poucos. Fomos crescendo e arranjando trabalho e aos meus 16 anos consegui um emprego de balconista em uma padaria, quando comecei minha vida independente.”
Quantos e quais perrengues encararam, especialmente aqueles que enfrentaram – e ainda enfrentam – apenas por serem mulheres?
Cathya: “Ser mulher não é fácil. Graças a deus com evolução da humanidade e educação a gente tem melhorado muito. Desde a infância tive que brigar para conseguir meu espaço. Tive irmão mais velho e mais novo. Tive que me impor o tempo todo. Tirando assédio e coisas normais que passei na minha juventude, que eu ignorava. Na minha primeira profissão fui analista de sistemas. Cheguei na firma e simplesmente não tinha banheiro feminino. Eu para usar o banheiro eu tinha que sair do CPD. Na parte do esporte o que me incomodava: mulher só podia levantar no vôlei. Quando fui treinar só com mulheres é que isso foi mudando.”
Observação do entrevistador: Senhores do meu coração, prestem atenção bastante nesta fala “assédio e coisas normais”. Meu amigo, se você não consegue perceber o que há de errado com essa frase, reveja urgentemente seus conceitos.
Danúbia: “Comecei nos esportes em 2008. Na época por ocasião do destino e trabalho, minhas melhores amigas acabaram se afastando, bem quando terminei um namoro de mais longa data. Me senti muito isolada nesta época e, em acompanhamento profissional, acabei me conhecendo melhor e descobri que sempre tive muita energia. Foi então que entrei de cabeça nos esportes. Porém não tive receptividade. Tentei pela peteca, mas os homens não deixavam. Eu não tinha corpo forte o suficiente. Então entrei para o futebol Society das meninas da Galoucura. Montei um time feminino quadra da Abílio Machado e comecei a jogar. Daí fui para o futevôlei, que ajudei no início aqui em BH. Ficava revoltada, pois nos campeonatos só havia premiação em dinheiro no masculino. Puxamos um abaixo assinado na época, que rodou outros estados inclusive, para exigir premiações iguais para mulheres. Eu disputei muitos campeonatos de futevôlei, mas ficava indignada na época, pois eu acabava chegando nas finais, mas sempre disputando com adversários que eram jogadores profissionais. Achava um absurdo chegar na final e não levar troféu pra casa, me esforçava ao máximo, mas o troféu sempre para o melhor. Já chorei muito debaixo do chuveiro nos vestiários no final dos jogos e torneios, mas hoje jogo pelo prazer, pela saúde, pelas amizades.”
Isabella: “Nossos desafios são diários. Desde uma coisa besta como sair pra correr 05:30 da manhã ou 20:00; a gente como mulher não tem coragem de fazer. Sou advogada, mercado que antes era muito masculino, sempre houve hegemonia, hoje está mais equilibrado. Em diversas áreas, não apenas no direito, homem querendo crescer encima das mulheres, seja falando mais alto, seja com atitudes agressivas. Então busquei a técnica para sobrepor a isso. Quando se é uma pessoa técnica você vai se impondo. Isso me ajudou muito. Lembrei de uma pessoa que é muito forte, a Marília, que foi diretora do clube. Mulher forte até. Fala no nível de qualquer pessoa de forma muito clara e objetiva. E se impõe. Hoje vejo que sou respeitada, minhas opiniões são ouvidas, mas foi algo conquistado com tempo. Não foi natural não. No esporte eu brinco que aqui era o único clube de BH que não tinha time feminino. Agora a mulherada tá dominando de vez. Não deixo de jogar com os homens de jeito nenhum, mas estou indo para o time o lado feminino (risos).”
Lena: “Vou te falar uma coisa, maior perrengue da minha vida foi nunca ter conseguido cursar uma faculdade. Até hoje eu me cobro. Eu andava quinze quarteirões para ir e voltar para estudar. […] Pra mim mesmo, meu conhecimento. Gosto de estudar. Mas a dificuldade da vida foi… (lágrimas nos olhos) apenas tenho essa frustração. […] Quando cheguei em BH há 30 anos, bichinho que sai do interior e chega numa cidade grande… Tive que correr atrás de serviço, fui conseguir trabalho formal em BH quando já tinha uns 10 anos que estava aqui. Uma dificuldade danada. Quando você chega e é de outro lugar, se sofre muito preconceito. A gente ia em entrevista, tentava de tudo. […] Queria estudar e não conseguia. Foi passando tempo, arrumei um trabalho onde fiquei 3 anos e disse “finalmente vou conseguir, correr atrás”, mas o lugar acabou falindo. […] Eu fui mãe solteira, fiquei grávida muito nova. O pai não assumiu e quem foi pai e mão fui eu e meus pais. […] Há 18 anos estou no clube, aqui graças a Deus encontrei muitas pessoas boas. E com isso a gente vem superando dia a dia. […] Com muita esperança. Deus sempre tem uma solução pra gente. A gente também não pode se apegar naquilo que ficou pra trás. Bola pra frente.”
E como vai a vida atualmente? Profissão, relacionamento, família, amigos… filhos, netos?
Cathya: “Trabalho como administradora ABRAFE – Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas. Tenho uma filha e no início da pandemia contribuí para a estatística das divorciadas da cidade (risos). Estou bem, feliz e cuidando de mim. Tenho amigas que frequentaram ensino fundamental comigo, de mais de 40 anos. Assim como fiz amigas fresquinhas novas, que o vôlei me deu. Amo todas de doer o coração.. Minha família representa tudo que eu sou e é a demonstração perfeita do amor incondicional.”
Danúbia: “Tenho minha empresa há 7 anos. Das Núbias serviços gráficos. Dou assessoria ao vereador Juninho Los Hermanos. Tenho um milhão de amigos! Sempre brinquei que se um dia eu casar, vai ter que ser no Mineirão. Tenho as mais próximas, aquelas cinco muito próximas, longe geograficamente, mas mesmo a distância somos muito amigas. Sou apaixonada por uma pessoa, mas estou deixando-o respirar. Catia, a gente podia sair um dia juntas! (risos). Sou solteira, mas apaixonada.”
- Recado: Pedala aí, meu filho. A fila anda e qualquer dia desses você vai ficar chupando dedo!!!
Isabella: “Sou advogada, dona de doceria, diretora do clube… (risos). Tô esperando a Alice, que nascerá em janeiro, mais uma que vai nascer no clube. Graças a Deus tenho amigos fiéis. Pandemia tem dificultado muito os encontros, e grávida restringi ainda mais, porém tenho bons amigos, todos muito presentes.”
Lena: “Sou coordenadora aqui no clube. Supervisão, operação, conheço de tudo do clube. Faço um papel diretamente com funcionários, cuidando da limpeza toda do clube. Sou casada há 32 anos. Tenho uma filha, já casada, já sou vó, netinha de 1 ano e nove meses, Helena, nome da avó. Atualmente agora meu marido aposentou, tá lá assim… querendo arranjar outra coisa pra fazer, homem dentro de casa à toa você já viu, né?! (risos); Graça a deus tenho um ciclo de amizade muito bom, inclusive aqui dentro da Asbemge, pelos quais tenho muito carinho. Aqui dentro só colecionei amigos.”
O que motiva vocês a levantarem da cama todos os dias para se movimentarem da forma como fazem hoje?
Cathya: “Eu trabalho é porque a fatura do meu cartão de crédito é muito alta (risos); tem que levantar cedo pra trabalhar pra pagar a fatura (mais risos). Sou muito feliz, tenho muito orgulho do meu trabalho. Tenho vício de cumprir meta. Correr atrás, gosto muito disso. Principalmente quando a gente cumpre com excelência e o chefe elogia. Adoro segunda feira, sempre gostei. Agora melhorou mais ainda por estarmos em home office. O trabalho me permitiu conciliar meu hobbie, meu esporte. Em plena terça e quinta treino vôlei no Mackenzie. Treino ainda com o Super-ball com o Walbert e agora tendo o prazer de treinar na Asbemge no 60+. Esses dois pra mim são uma energia e que deixa minha vida mais feliz. Tomo menos remédio, brigo menos, sou mais feliz, convivo melhor com minha família. E me sinto bem.”
Danúbia: “O esporte pra mim é qualidade de vida. Não pretendo parar e quero conhecer cada dia mais novos esportes. Comecei a natação, a sinuca que exige inteligência, habilidade… matemática. Vou arriscar até no tênis de mesa agora. O esporte é vício, é emoção, é energia. É tudo que não tem no dia a dia o esporte te proporciona. Quanto mais vai aprendendo, vai fazendo certo, melhor vai ficando. Você vai tendo mais orgulho de praticar, arriscar. E quando a turma é boa… o ambiente de esporte é saudável. A turma é animada, tranquila. Pelo menos até onde cheguei hoje. Hoje sou muito feliz com meu esporte; esporte é resultado na mente no corpo e na vida social.”
Isabella: “Sempre que me perguntam: “como você consegue trabalhar em home office?”; eu respondo: “coloco o boleto do lado do computador” (muitos risos). Mas o que me motiva de verdade é fazer a diferença na vida das pessoas. Deixar um legado. São coisas simples pra gente como advogado, mas faz diferença. Tive um cliente cujo carro foi roubado dentro de um hipermercado. Entramos com a ação, ganhamos e quando ele foi lá receber uma das parcelas, ele me ligou: “ô dotora, você tem carro?! Vou te dar um dinheiro a mais pra você abastecer pois seu trabalho foi muito bom, fiquei muito agradecido à senhora”. Estas coisas são muito gratificantes, vai muito além do dinheiro. É muito bom quando a gente consegue mediar um casal em separação, por exemplo, quem nem estava se falando e você vai ajudando a acalmar e construir algo bom para os dois. Mas sou muito competitiva também, adoro um desafio! (risos)”
Lena: “(com muito brilho nos olhos) Ahhhh, trabalho é muito booooom, Pedrão. Trabalhar é ter meta, acordar e falar “hoje tô indo pro trabalho”. O povo me fala: “Nunca vi uma pessoa ir trabalhar sábado e domingo com uma alegria dessa”. Mas é gostoso demais. Eu acho assim… que o trabalho… não me imagino nem aposentando. Tô com 54 anos, pra mim trabalho na minha vida me faz um bem tão grande. Ambiente gostoso, quem tem o privilégio de trabalhar num lugar desses? (apontando para o céu da Asbemge). Eu faço o que eu gosto. E agradeço a Deus todo dia por me dar saúde, pois meu trabalho é peso pesado (risos). O que mandar pra gente a gente faz! Pessoal costuma dizer: “você é coordenadora, não tem que pegar e fazer”. Mas não custa, não é?! Pegar ali e fazer não vai te trapalhar em nada não. Vamos somar, unir forças.”
Que recado dão para as colegas de clube que ainda não estão se movimentando nos esportes atualmente?
Cathya: “Primordial é você fazer o que te dá prazer. Primeiro tem que identificar isso. Esporte coletivo, por ele só, é excludente. É muito difícil você que não sabe jogar se incluir num esporte. Você não é aceita fácil. Se você já chega sabendo, a turma coloca um tapete vermelho pra você. Mas quando você não tem, é muito difícil. Tô falando de forma geral. Eu acho que, na minha idade agora, se eu não tivesse conhecimento técnico de vôlei que eu tenho, talvez eu procuraria a Lurdinha no clube Asbemge. Pois ela tem paciência, montou um grupo treinado para receber qualquer pessoa de qualquer nível, pra agregar no grupo e ajudar. Eu indicaria como se fosse remédio. Procura a Lurdinha que você vai desembolar. Você vai no mínimo rir. É a receita que eu passo.”
- Dica preciosa, hem?!
Danúbia: “Hoje eu vejo o clube Asbemge para além do que ele oferece, é muito completo. Tem o futebol de campo. futevôlei, tênis, tênis de mesa, sinuca, peteca, natação, hidroginástica, vôlei, Society…. Além do lazer, temos que ter saúde. Eu frequento por causa de minha saúde. Não sinto mais dor no corpo. Virava muito o pé, o tornozelo. Parei de virar o pé. Meu corpo era molengo. Até cair eu sei (risos). Outro dia cai na escada lá em casa e me firmei. Não me machuco mais. Então o clube é qualidade de vida. Vem pra cá pra além de sol, piscina e sauna! Dá pra vir, praticar seu esporte com segurança, com qualidade. Banheiro feminino pra todo lado, vestiário, muito conforto.”
- Percebam, meus amigos homens, que para mulheres, não é qualquer lugar que é seguro. Para nós, tudo bem jogar um futebol em um campo de várzea à noite. Já para elas, será?!
Isabella: “As meninas já resumiram bem, hoje há algumas escolas no clube, várias gratuitas. A gente sempre tem que investir em formação; busquem as escolas, busquem as formações. Procurem as pessoas de referência de cada esporte. Ainda quero fazer um handebol no clube, organizar uma queimada. Mas outro dia tentei organizar o handebol, mandei no grupo do vôlei, mas só os homens de 1,90 animaram, aí não dá (risos).”
Lena: “Deem um jeito na vida, meninas! Vamos procurar fazer esporte. Tem muita opção pra escolher!”
Eu sou pai de uma lindinha de 9 anos. Que conselho me dão para que eu lhe proporcione uma boa trajetória de crescimento e formação? Como posso fazer da experiência dela mais respeitosa e cria-la para que se torne uma grande mulher? Como extraio dela a sua melhor versão com o passar dos anos?
Cathya: “Crie sua filha na verdade. Nunca na mentira. Ou nunca no que você acha que é. Procure sempre evoluir com a humanidade. Hoje as coisas estão mudando muito, os valores, as pessoas. Estamos acompanhando tecnologia, procure sempre estar estudando como está sendo a vida da sua filha daqui pra frente. Ela nunca vai ser igual a sua criação. A gente tem que estar antenado pra isso. O que era correto pra mim ou normal há 20, 30 anos, era normal, com a evolução da humanidade estamos melhorando e evoluindo. Não tem erro. Você vai criar ela perfeitamente, ela vai te respeitar e amar como sempre, isso é natural. E essa é uma duplicata que você não paga nunca (risos).”
Danúbia: “Pai e filha só vai aumentando amor. Os pais são os pilares. O filho sempre acaba herdando o comportamento dos pais. Seja sempre exemplo do positivo. Eu me espelhei nos meus pais, tenho o compromisso, a seriedade, determinação da minha mãe. Minha mãe é muito brava, muito certa e verdadeira com as coisas, mas tenho o lado brincalhão e esportivo do meu pai. E sempre digo que quando eu tiver minha filha ou filho, daria arte, esporte, cultura e educação. Quando você inclui a arte esporte e educação por seu filho, não tem erro.”
Isabella: “Proporcione estudo e autonomia. Ensine os valores da sua família. Ao mesmo tempo dê autonomia pra ela. Tem outra coisa: presença de Deus, na religião que for. Deus sempre dá força.”
Lena: “Tem certas situações que a gente tem que lidar com a razão ao invés do coração. A gente tem que agir as vezes com a razão. A gente como mulher, se deixar o coração nos domina e a gente acaba tomando algumas atitudes das quais podemos nos arrepender depois. Ensine-a a tomar decisões racionais, pois ser mulher não é fácil. Não deixar de agir com a razão. Pra ela se tornar uma pessoa forte. Nós mulheres somos como manteigas derretidas e precisamos aprender dizer não logo cedo.”
Pergunta final: quais são os seus grandes sonhos? Onde estarão daqui há 10 anos?
Cathya: “Não sou de programar a vida com tanta antecedência não. Sempre agradeço e vou levando. Daqui há dez anos, porém, talvez já tenha que estar refazendo minha plástica e nem paguei a última que fiz (muitos e muitos risos). Provavelmente estarei em San Jorge, num campeonato master de vôlei, que tem até 80 anos. E é interessante que o 80 mais masculino pode ser completado por mulheres. Estarei lá veinha bem enxutinha, bem esticadinha, praticando. É bom que nessa idade os homens vão ficando mais encurvadinhos aí dá pra jogar com eles (mais risos).”
Danúbia: “Comprei meu apê, pretendo estar nele. Pretendo firmar parceria com uma boa agência e firmar bem a minha empresa. E claro, com um monte de esportes na bagagem. Quero casar, ter filhos, sou super-romântica. Já namorei muito, de muitos anos. Meu sonho é ter minha própria família. Quero ser mãe.”
Isabella: “Daqui há dez anos com certeza já serei juíza em uma das cidades do nordeste (risos). Alice já com quase 10 anos, feliz da vida, bronzeada no vôlei de areia. E vocês podem ir me visitar.”
Lena: “Haaaa, anos eu gostaria de estar murando num interior, numa casinha aconchegante com uma área de lazer enoooooorme, pra ver meus netinhos brincando, receber os amigos. E nesse meio de sonho aí quem sabe estar com uma faculdade concluída. E tenho sonho de dirigir! Tirei carteira em 2006 e só andei umas 3 vezes com um carro. Queria fazer alguma faculdade pra mexer com pessoas.”
Eita que essas quatro são de tirar o fôlego, não é mesmo?!
No final elas acabaram me “sabatinando” também, me perguntaram sobre meus sonhos e tal, mas essas respostas vão ficar só com elas! Rsrsrs
Enfim, não sobra muito mais o que dizer após experimentar um bate papo com nossas flores em plena entrada da primavera, a estação mais bonita do ano. Apenas registro aqui a minha gratidão por poder conhecer e compartilhar estas histórias com todos vocês.
Reforço ainda que queremos conhecer cada um de vocês, cada bela história, cada riqueza, cada pérola que temos em nosso clube.
Se você quer compartilhar sua história conosco, nos procure.
Vamos tomar um café e bater dois dedos de prosa!
Será um prazer.
Pedro Pereira
Diretoria de Comunicação Asbemge